Para relatar o presente, há a necessidade de conhecer o passado, porque foi através dos fatos ocorridos no passado, que se construiu o presente. Assim, para compreendermos o nosso município hoje, voltemos ao passado.
No ano de 1930, chegam às margens do Rio Iracema imigrantes teuto-russos que saem de seu país, devido a instalação do regime comunista, em 1917, na Rússia.
A Companhia Territorial “Sul Brasil” apresentava o oeste catarinense, como uma terra promissora, com possibilidades de progresso e riquezas.
No entanto, ao chegar nas “terras prometidas”, a realidade que os aguardava era totalmente diferente. Para iniciar o povoamento foi necessário derrubar a mata; (assim surge o nome de nosso município), Riqueza. Riqueza pelo valor econômico da madeira de lei como o cedro, o angico, a canela, o louro, a gabriúva… Uma verdadeira Riqueza em madeira, como os luso-brasileiros falavam na época.
Muitos Obstáculos surgiram: falta de estradas, de comércio, de assitência médica, ataques de mosquitos, terras pedregosas e acidentadas, densas matas, iniciar as plantações, alimentação estranha ao paladar, língua que não dominavam, entre outros. Mas, jamais deixaram de ter fé e acreditar em Jesus Cristo e no Deus Supremo. Isto foi claramente demonstrado, pois ao chegar em Iracema-Riqueza, uma das primeiras providências que tomaram foi construir uma rústica igrejinha para louvar e agradecer a Deus por estarem vivos e em liberdade, enfim livres!
Após as famílias receberam a demarcação de suas colônias de terra (24 hectares em média), cada uma foi em busca de se estabelecer, trabalhar e viver, formando um vilarejo.
Ainda em 1930, chegam migrantes gaúchos, famílias de etnia italiana vindos do Rio Grande do Sul, para se estabelecer junto aos teuto-russos e alguns luso-brasileiros que habitavam esta terra desde o início da colonização.
Estas três etnias deram origem ao município de Riqueza, assim como tantas outras pessoas que aqui chegaram e ajudaram a tecer a história do nosso município e, nós riquezenses, reconhecemos o heroísmo, a bravura e o trabalho dos imigrantes que iniciaram este município.
Como diz o refrão do Hino do Município,
“Riqueza é trabalho e fé,
Riqueza é o coração
Riqueza é ter você aqui,
Riqueza é nossa união…”
A formação da Vila Riqueza
Uma família importante
“Aos pioneiros de Riqueza pertence o Senhor Anton Gdanietz, o Anti”. Nascido nas margens do Rio Reno na Alemanha, veio ao Brasil em 1931, com 26 anos, acompanhando um grupo de cantores. Do Brasil seguiram viagem para a Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Peru. Neste último país, o Senhor Anton separou-se do grupo e permaneceu um ano trabalhando numa fazenda.
Voltou ao Brasil em 1933. Comprou uma colônia de terra em Linha Iracema, construiu uma rústica cabana, onde morou sozinho durante um ano. Em 1934, veio da Alemanha sua noiva, Senhora Grete Gdanietz, construindo neste ano uma nova casa, com madeira trazida do Município de Cunha Porã.
O Senhor Anton Gdanietz foi por dois anos contador da primeira Cooperativa. Trabalhou na lavoura durante anos seguidos. Em 1960, começou a trabalhar como veterinário. Vacinava bovinos e suínos para os vizinhos, surgindo assim a Farmácia Veterinária.
“O Senhor Anton Gdanietz – Anti – era membro da União Nerother por ter praticamente conhecido o mundo inteiro. De maneira nenhuma sua aparência demonstrava vestígios dos duros trabalhos pelos quais passou nas matas brasileiras nestes quarenta e poucos anos que aqui viveu. Parecia um jovem, tocando guitarra e cantando no círculo de amigos os hinos que certa vez cantou na Pérsia, nos Andes e no Himalaia, nas grandes viagens que realizou por esta maravilhosa Terra.” (Koelln, 1980, p. 67).
Homens Ilustres
Gustav Teske, homem que muito auxiliou a comunidade de linha Iracema, foi fundador da Cooperativa, e, também, primeiro presidente. Em 1932, entregou seu cargo, pôr não se achar em condições físicas de continuar. Mais tarde fora morar para o vizinho país do Uruguai, onde breve tempo veio a falecer.
João Seib, um dos primeiros moradores da sede de Riqueza foi o segundo presidente da Cooperativa no período de 1932 a 1936. Em fins de 1936, foi eleito presidente da Comunidade Evangélica, na qual ficou até sua morte.
“Tomou então Samuel uma pedra, e pôs entre Mispa e Sem, e lhe chamou Ebenézer, e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor” (Samuel, I, 7-12, VT).
“So sagten, unsere väter, als sie an 1930 hierinin: Iracema Riqueza ankamen, als heimatlose, bis hierher hat uns Gott gebracht Oder geholfen”.
Em 1931 foi construída a Cooperativa já na sede, onde, atualmente, encontra-se o campo de futebol suíço da comunidade Evangélica. Em 1936, a cooperativa foi à falência. Surgia, então a primeira loja de propriedade do senhor Frederico Wild. Este foi o proprietário do primeiro carro motorizado, que era um caminhão pequeno, o qual carregava mais ou menos dois mil quilos.
Uma nova Igreja Evangélica também foi construída na sede naquele ano, que ficava ao lado da então cooperativa. A Igreja era rústica, como tudo na época e servia de Templo para suas preces e também de escola, onde seus filhos aprendiam a ajuntar as primeiras letras.
O primeiro professor foi o Senhor Fritz Hesse, que ministrava as aulas na língua alemã. O segundo professor foi o Senhor Geraldo Clesbsch, seguido pelo professor Senhor Artur Eberle, já então ministrando algumas aulas em Português.
Naquela época todo o Oeste Catarinense pertencia ao município de Chapecó. Havia um cartório de Paz em Passarinho (Palmitos), e era lá que os primeiros imigrantes iam registrar seus filhos e fazer seus casamentos. Era lá, também, que buscavam e levavam suas correspondências. A cavalo, semanalmente, um morador de cada família era encarregado de ir buscar e levar as cartas.
Povoamento
Em 1936, chega na sede o primeiro morador Italiano. Era a família do Senhor José Bressan. Logo após chega a família do Senhor João Mari, fixando residência. Vinham mais e mais famílias e surgia assim o vilarejo de Riqueza.
Assim, denominou-se “Riqueza” por haver muita madeira de lei, tais como: Cedro, Gabriúva, Angíco, Grápia e outras, as quais tinham um elevado preço constituindo assim uma verdadeira Riqueza em madeira. Eis o “porquê” do nome que até hoje temos: RIQUEZA.
O primeiro Bar aqui existente foi o do Senhor Olindo Guidini, o qual vendeu ao Senhor Jacob Bernardes. A primeira oficina de móveis foi de Hergenräder e Zimmer Ltda.
O primeiro dentista a trabalhar na vila Riqueza, foi o Senhor Valdemar Trebin.
Surge também, o primeiro Táxi, de propriedade do Senhor Artur Bastiann. Era o carro Táxi, um automóvel Ford, ano 1938, de cor preta.
O primeiro Bolão construído em Riqueza foi o do Senhor Jandir dos Santos.
Construíram estradas. Em 1936, grupos de homens, munidos de enxadão e picaretas, construíram a estrada que ligava Riqueza a Mondaí. Até o rio das Antas, a estrada era estreita e dava passagem a uma carroça ou cavalo. A passagem sobre o rio se fazia de barca, que suportava somente o peso de uma carroça e algumas pessoas.
Em 1940, quando houve a segunda Guerra Mundial, surgiram novos problemas. Era proibido falar línguas estrangeiras em seus países. Os Alemães natos, muitos esforços fizeram para poderem então, falar somente a língua de sua nova Pátria.
Foi construída então a primeira escola, para que seus filhos aprendessem a língua e o método usado no Brasil. Os primeiros professores foram : D. Isabel Bassani e David Gotardo, ( já falecidos).
De 1930 a 1948, não existia indústria madeireira, foi então construída, em 1948, a primeira Sociedade Madeireira do Senhor Linauer e Scholl.
O Senhor Ludvig Hass, foi o primeiro ferreiro da Vila Riqueza.
O Senhor Luís Bassani, foi o proprietário do primeiro Salão de Baile da Sede.
Em 21 de Junho de 1958, foi fundada a primeira Sociedade que denominava-se Farroupilha.
O primeiro morador brasileiro a vir instalar-se na Linha Iracema, foi o Senhor João Narciso.
Primeiro Hotel
Nesta época havia um pequeno hotel rústico, o qual funcionava na casa do Senhor João Giesich.
Criação do Distrito de Riqueza
Em 26 de Dezembro de 1956, Riqueza passa a ser Distrito, sendo o terceiro da Comarca de Mondaí. O seu primeiro subprefeito foi o Senhor Jacob Bernardes.
O Cartório de Paz e, a primeira escrivã, Maria de Lurdes Corrêa Pasa, recebeu sua nomeação em 20 de dezembro de 1956.
O primeiro casamento realizado foi do jovem par Orestes Vockes e a Senhorita Desanir Madalena Sonálio, no dia 14 de abril de 1957. Como ainda não houvesse designado Juíz de Paz, neste Distrito, este casamento foi celebrado pelo Juiz da Comarca de Mondaí, Sr Jacob Wandscher.
Em 25 de abril do mesmo ano, foi então celebrado o primeiro casamento pelo Juiz de Paz de Riqueza, Senhor Ângelo Di Domênico.
A primeira família italiana
Em 1930 surge, também, a primeira família de italianos, que era do Senhor Ângelo Serafini. Este residiu durante vários anos, onde atualmente reside a família Guarda, na região do acampamento.
A primeira igreja
Provisoriamente, construíram a primeira igreja feita de tábuas lascadas, e coberta também com tabuinhas. O local da remota Igreja era na Linha Iracema que, atualmente, pertence ao Município de Caibi.
O primeiro culto realizado foi no ano de 1930 pelo Pastor Josep Kolb de Palmitos.
A Companhia “Sul Brasil” encarregou o Senhor Willi Hochberger a dar assistência aos imigrantes. Este, logo mandou que construíssem uma pequena cooperativa, onde, então, adquiririam as mercadorias de primeira necessidade.
No dia 21 de dezembro de 1957, foi feito o primeiro registro de nascimento de Cleusa Guarda.
O primeiro atestado de óbito, foi feito no dia 12 de abril de 1957, da Senhora Agnes Rutzen.
Ginástica Esporte Clube
Foi fundado no dia 07 de setembro de 1958, a primeira sede Social. Sua primeira diretoria estava assim composta:
• Presidente : Antônio Di Domênico
• 1º Secretário : Ângelo Luiz Di Domênico
• 1º Tesoureiro: Jacob Bernardes
Posto de gasolina
O primeiro Posto de Gasolina foi fundado em 1956. Não havia prédio especial, pertencia à firma Di Domênico.
Centro telefônico
O Centro Telefônico foi inaugurado no ano de 1958, sendo instalado na residência do Senhor Jacob Bernardes.
Correio
Foi instalado no ano de 1959 o Correio Federal, que funcionou durante 10 anos. Em 1969 foi transferido à Mondaí. Foi criado então, o Correio Municipal, instalado pelo então Prefeito Municipal, Senhor Reinold Töebe.
Energia elétrica
No ano de 1964, em convênio com a CEEE, o Senhor Artur Deiss, Prefeito Municipal, inaugurou a rede elétrica em nossa localidade.
Igreja Católica
Em 1936, surge os primeiros católicos , sendo estes os sócios fundadores: Daniel Dal Prai, Roberto Mari, João Mari, Luiz Mari, Gerônimo Guarda, Olivio Guarda, José Tuigo e Sezário Endrigo.
Em 1946, construiu-se a primeira igreja católica, contando com mais sócios e, a madeira da igreja foi doada pelo Senhor Jorge Silva.